Título: A Metamorfose
Autor: Franz Kafka
Ano: 2001 / Páginas: 144
Idioma: português
Editora: L&PM
Minha avaliação
★★★★★♥
O autor
Franz
Kafka, para quem não o conhece, nasceu em Praga (República Checa) no dia 3 de
julho de 1883. Foi autor de romances e contos, considerado pelos críticos como
um dos escritores mais influentes do século XX> A maior parte de sua obra como
A Metamorfose (que falarei com vocês hoje), O Processo (que será minha próxima
leitura dele) e O Castelo, está repleta de temas como brutalidade física e
psicológica, conflito entre pais e filhos (que aliás é muito presente nas obras
do autor, tem um livro muito interessante dele que quero muito ler chamado
Carta ao Pai), personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos
e transformações místicas.
Primeiro contato
Meu
primeiro contato com as obras de Franz Kafka foi lendo A Metamorfose, um livro
rápido, leve, com vocabulário simples, mas que me marcou muito. Demorei muito
tempo para digerir, depois de lê-lo fiquei um bom tempo refletindo
sobre a estória.
Minha edição
A minha edição de A Metamorfose é esta edição (vide foto) pocket da L&PM que vem seguido de O Veredicto.Histórico do livro
Em 10 de
setembro de 1912, às dez horas da noite, Franz Kafka começou a escrever "O
veredicto". Quando terminou, por volta das seis horas da manhã do dia
seguinte, totalmente esgotado, apontou em seu diário que havia descoberto “como
tudo poderia ser dito”; que inclusive para as ideias mais estranhas havia um
grande fogo pronto, no qual elas se consumiam para depois ressuscitarem. Dois
meses depois viria "A metamorfose", a mais conhecida, a mais citada,
a mais estudada de suas obras. Em 7 de dezembro Kafka escrevia à sua noiva,
Felice Bauer: “Minha pequena história está terminada”. A obra era concluída 20
dias depois de ter sido iniciada.
Resenha
O livro começa com a transformação de Gregor Samsa, um caixeiro viajante (aqui faço um parenteses para falar que não tinha ideia do que era um caixeiro viajante, para quem também não faz ideia: um caixeiro-viajante é uma profissão antiga, de uma pessoa que vende produtos - joias, objetos, tecidos…- fora de onde eles são produzidos), em um monstruoso inseto. Reparem que em momento algum do livro o autor faz menção a este inseto, porém descreve detalhadamente o corpo de Gregor metamorfoseado, deixando a critério do leitor imaginar no que Gregor se transformou.Muitos consideram como um barata gigante e outros como um besouro (eu particularmente acho que está mais para uma barata devido a forma como ele é tratado no livro após sua metamorfose, com muita repugnancia e nojo, mesmo por sua família).
Família,
extamente ai que o livro tem seu foco, na família de Gregor. Gregor era o chefe
da casa, ele sustentava seu pai (que já não trabalhava), sua mãe e sua irmã mais
nova (conhecida no livro como Grete, a úncia da família com nome, mostrando o
quanto ela era querida por Gregor e o quanto era boa a relação deles).
Durante o
livro nós acompanhamos a confusão que vira a vida da família após a
transformação de Gregor, já que agora ele não poderia mais trabalhar e muito
menos conviver na sociedade.
Após a transformação
a família acaba julgando-o pela sua transformação, mas em momento algum se
perguntam de com poderia possível. Estavam preocupados em como iriam sustentar a
casa e como iriam viver com esse “inseto” repugnante.
Então a
família passa a procurar formas de se sustentar, sem a ajuda de Gregor (que
sempre foi quem sustentou todo mundo). A sua mãe, passou a fazer costuras para
fora. O pai, volta a trabalhar mesmo depois de aposentado e estar doente. A sua
irmã mais nova, que sempre foi muito protegida por Gregor, começa a trabalhar
em uma loja. O fato deles terem que trabalhar e ele não fazer nada (apenas “viver”
como um enorme inseto repugnante) faz com que a família fique revoltada com
esse “absurdo”.
Como é
muito frequente nos textos de Kafka ele joga com essa inversão de valores o que
faz o leitor a ficar sempre se questionando, quem realmente é o “problemático”.
Após muitos
dias de reflexão essa estória toda me fez comparar com situações reais que são
muito comuns no nosso dia a dia, que são em famílias onde o chefe da casa acaba
ficando inválido por algum acidente por exemplo, ou ainda situações onde o
chefe da família se torna idoso e com o processo do envelhecimento acaba
desenvolvendo situações de demência e a família acaba o culpando e o julgando
por sua falta de memória ou sua invalidez. Uma reflexão muito profunda, mas
muito importante na nossa sociedade. Aliás, depois descobri que muitos leitores
consideram esta metamorfose como uma metáfora para uma situação de doenças
terminais. Onde situações como “ahh coitado a morte seria uma piedade!” onde gregor
apesar de não conseguir se comunicar ele entende a família…
O livro é
profundo e seu final é muito poético, bonito e chocante mesmo.
É um livro
excelente, eu recomendo a todos.
Leiam, sem
dúvida leiam!
Até mais!