07 abril 2015

Os preceitos de um egresso

*Este texto foi escrito por mim e publicado no InformaPET Fisioterapia em 2 de Abril de 2015. Clique aqui para conferir na íntegra (página 22).

Os preceitos de um egresso
Por Emmanuel S da Rocha



Sou fisioterapeuta, formado pela Universidade Federal do Pampa e tenho orgulho disso. Para mim a universidade sempre foi motivo de glória. Acredito que sempre foi meu objetivo e meu destino.
 Um dia um grande sábio me disse que a universidade é como uma viagem. Os alunos sã
o os viajantes, os mochileiros! E os professores (e suas disciplinas) são as cidades que os viajantes passam durante seu percurso. Durante essa viagem há dois perfis de viajantes: o primeiro são aqueles viajantes que a cada parada (nas cidades), simplesmente “passam” alguns dias nela, talvez dentro de um quarto de hotel, tiram algumas fotos para postar nas redes sociais, e por fim, continuam a viagem para a próxima cidade. Para este grupo de viajantes pode ser suficiente, já que sem dúvida terão várias “curtidas” em suas fotos. Entretanto há um segundo perfil de viajantes que aproveitam cada parada pra conhecer o máximo possível da cidade! Conhecer todos os defeitos e qualidades dessas cidades. Conhecer suas culturas e manias. Para daí sim ir para a próxima cidade, levando consigo alguma coisa na bagagem (algum “recuerdo” para a vida). Esse segundo perfil não se preocupa durante a viagem com as “curtidas” e as saudações dos olhares externos, ele aproveita a viagem para juntar o máximo possível de conhecimento. Esse segundo sabe que a única coisa que nunca ninguém poderá tirar deles é a erudição.   Neste modelo metafórico de uma universidade, eu escolhi durante minha viagem dentro da UNIPAMPA, participar do segundo grupo. Passei por várias cidades e tentei “sugar” o máximo de cada uma delas. Encontrei algumas culturas que me identifiquei mais e outras que não compreendi muito bem. Mas isso não foi problema. O importante é que enfrentei os meus “preconceitos” para com as “culturas incompreendidas” e aprendi a respeitá-las (e também coloquei aprendizados delas na minha bagagem).    Foi nesta viagem que eu descobri que eu não queria ser “apenas mais um” fisioterapeuta. Em algum momento nessas paradas, um professor me falou algo que acabei utilizando como um dos meus preceitos de vida durante a graduação. Não lembro as exatas palavras, mas me marcaram. A mensagem era basicamente que se algum dia eu entrar para atender um paciente e não mudar o dia dele (para melhor), não adianta nada ser fisioterapeuta. Bom, isso foi (e ainda é) um dos meus dogmas. Também descobri nessa meia década de viagem a beleza da fisioterapia. Descobri que para ela ser a mais linda das profissões, quem deveria fazer a diferença era eu.   Foi que em uma de minhas paradas me apaixonei pela ciência. E conforme fui viajando descobri que poderia fazer a diferença fazendo ciência. Aproveitei então toda minha viagem para realizar experimentos e discutir tratamentos, técnicas e avaliações da área da fisioterapia com o mundo científico, buscando fazer diferença. Foi fascinante! Percebi o quanto já estava fazendo a diferença na minha profissão quando publiquei, junto com colegas e professores, meus primeiros artigos científicos em revistas reconhecidas na área, antes mesmo de me formar. Eu descobri aos poucos que com minha paixão pela ciência eu poderia fazer muito pela fisioterapia. Por isso, depois que me formei fui fazer pós-graduação e atualmente sou aluno de mestrado e aspirante a cientista.
Agora, fazendo uma reflexão sobre o que mudou em mim e o que eu aprendi com minha graduação em fisioterapia dentro da UNIPAMPA, me dei conta que após juntar tudo que adquiri durante os anos de viagem eu mudei muito e acabei “evoluindo” minha ideologia de vida. Ao utilizar (de forma inconsciente) o preceito de meu professor sobre mudar o dia do meu paciente, eu acabei aprendendo muito mais do que as técnicas fisioterapêuticas. Aprendi a ser cidadão. Aprendi a ser honesto e humilde. Aprendi a ser gentil. Enfim, aprendi a ser fisioterapeuta. A evolução do preceito eu tirei de um livro infantil chamado Extraordinário (escrito por R. J. Palacio) que diz o seguinte: “Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil”. Por maior que seja a coincidência, este preceito foi dado no livro por um professor.   Depois da minha reflexão vi que para mudar o dia do meu paciente (como me foi ensinado no primeiro preceito), eu escolhi ser gentil. Para fazer a diferença na fisioterapia (como sempre quis), escolhi ser professor para poder (algum dia) passar esses preceitos a outros jovens. E para os novos alunos e futuros colegas, escrevo o seguinte preceito: “Escolha fazer a diferença da forma mais gentil possível, assim você descobrirá que a fisioterapia é a mais linda das profissões”. E não esqueçam de aproveitar a viagem.

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